segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A máquina do tempo

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O poder de evocação das palavras
O pintor Francisco de Goya (1819-1823) pintou um quadro sinistro que representa o deus Chronos devorando um dos seus filhos. A brutalidade plástica e a verdade da tela estão no fato de que ela nos confronta com o nosso destino: à medida que o tempo passa a vida se vai.

O tempo faz o vivido desaparecer no esquecimento. Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, descreveu essa tristeza de sentir a vida escorrendo para o passado num poema: "O tempo passa. Não nos diz nada. Envelhecemos. Saibamos, quase maliciosos, sentir-nos ir. Não vale a pena fazer um gesto. Não se resiste ao deus atroz que os próprios filhos devora sempre".

Por isso eu escrevo, para lutar contra o tempo. A escritura e a leitura fazem os mortos ressuscitar. A escritura e a leitura fazem o passado acontecer de novo. Por isso, ao ler o que aconteceu e não mais existe, nós rimos e choramos como se aquilo que aconteceu estivesse acontecendo de novo. E foi isso que aconteceu comigo. Envelhecendo, tive medo que o meu passado se perdesse.

Resolvi, então, escrever o meu passado, um passado feliz que o tempo me havia roubado, para oferecê-lo às minhas netas. Queria que, quando eu morresse, ele continuasse vivo na memória delas. Escrevi um livro contando a vida que vivi quando menino, na roça. Descrevi a casa velha, pintada de branco. Contei sobre os riachos e as árvores, sobre as noites silenciosas, sobre os ruídos dos bichos na mata, sobre os céus escuros iluminados por milhares de estrelas, sobre o fogão de lenha e sobre a luz das lamparinas iluminando a sala. E sobre algo impensável para elas: não havia eletricidade. Não havia geladeira. As comidas eram guardadas em armários de tela chamados guarda-comidas.

Publicado o livro, elas não demonstraram o menor interesse naquilo que eu contava porque o mundo em que eu vivera e amara lhes era estranho. Quem se interessou foram os velhos. Afinal, aquele era um mundo que também fora deles.

Passado algum tempo recebi um e-mail em inglês: uma mulher... Desculpava-se pelo inglês. Era uma emigrante egípcia. Entendia bem o português, lia os meus livros e gostava deles. Escrevia-me para me dizer que, no meu livro para as minhas netas, eu usara uma palavra que a apunhalara...

Uma única palavra com o poder de apunhalar! Que palavra poderosa poderia ter sido essa?

"Fui apunhalada pelo guarda-comida", ela disse. "Eu havia me esquecido de que essa palavra existia. O tempo a mergulhara no esquecimento. Mas, quando a li, o meu passado voltou. Instantaneamente, me vi menina de seis anos na cozinha da minha casa no Cairo, sessenta anos antes. Lá havia um guarda-comida." E ela disse o nome em francês: garde-manger. "A palavra anulou o espaço: atravessei o Atlântico... A palavra anulou o tempo: o passado ficou presente, ressuscitou do esquecimento..."

Aprendi então que máquinas do tempo existem. Elas se chamam "palavras". Podemos, então, pintar uma tela que é o inverso da tela que Goya pintou: a vida devorando o tempo...

Rubem Alves Educador e escritor
rubem_alves@uol.com.br

Fernando Pessoa na web

Biblioteca pessoal do poeta conta com 1.142 volumes digitalizados
A biblioteca pessoal do poeta Fernando Pessoa está disponível não apenas aos leitores que visitam a Casa Fernando Pessoa, em Portugal, mas também o site http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/. Com 1.142 volumes digitalizados, é possível consultar na internet cada uma das obras e documentos que compõem o acervo, página a página, com direito a anotações que o próprio poeta fazia nas páginas. É o caso de uma tradução incompleta de A balada do Cárcere de Reading, de Oscar Wilde, feita por Pessoa a caneta na própria página ao lado dos versos originais.

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=13036

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Bazar das Letras - Lima Freitas







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Sesc - Fortaleza, 26 de janeiro de 2011
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Oficina Literária

Para melhor visualização clique na imagem
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SEMANA DA POESIA

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Poesia é quando uma emoção encontra seu pensamento e o pensamento encontra palavras." (Robert Frost)

Olá Amigos Abracistas,


Em Março, dos dias 14 a 18, iremos realizar a Semana da Poesia no Sesc Fortaleza e Administração. Gostaria da colaboração de todos para efetivar esse evento: por favor, mandem para mim poesias de sua autoria para inserirmos na programação. Não se acanhem! É hora de revelar seus talentos poéticos.


O prazo para eu receber será até o dia 04/02. Caso contrario não dará tempo de sair na apresentação.

Obrigada pela compreensão.

Abraços líricos,


Lúcia Marques.

Ceia 30 anos

Queridos,

Estou reenviando o resumo da reunião e convidando para a próxima reunião na casa do Mourão agendada para o dia 05 de fevereiro conforme carta.
Peço que confirme o recebimento desse email
Abraços,

Marina Fernandes
(85) 8705 3887

Prezados escritores da Ceia Literária.
Bom dia.

Como havíamos combinado, houve ontem a primeira reunião da Ceia literária com a presença de: Valdemir Mourão, Ednardo Gadelha, Carlos Vazconcelos , Frede Prereira e eu Marina Fernandes que tenho o objetivo de manter todos informados sobre a pauta que discutimos acerca da revitalização do grupo na construção de uma coletânia especial para a comemoração dos 30 anos da Ceia Literaria.
Segue os pontos que foram registrados na reunião:

1- cada membro faz um relato de suas experiência na Ceia, de forma a agradar o leitor.

2- cada membro terá um numero de páginas para escrever suas produções textuais.

3- cada membro trará seu material de arquivo para selecionar-mos as imagens que vão compor a obra.

3- cada membro colabora com suas lembranças referentes à poetas e escritores que passaram como (serventes) pela Ceia Literária para que façamos um registro histórico, assim como registrar a repercussão na imprensa.

4- os depósitos para pagamento das paginas Coletânea serão feitos no ultimo dia util e cada mês: Janeiro, fevereiro e Março/2011.

Funções

Valdemir Mourão: Negociações e parte financeira.

Carlos Vazconcelos e Ednardo Gadelha: Diagramação. formatação e revisão Literária.

Marina Fernandes e Frede Pereira: Divulgação.

e todos os membros ficaram encarregados de colher material.

Informações sobre valores, favor ligar para Valdemir Mourão: (85) 9191 0194 e (88) 9931 3868.

A próxima reunião ficou agendada para 05 de fevereiro, pela manhã na Residencia do professor Mourão no seguinte endereço:
Rua Antonio Bento, 988 Itaperi.

Contamos com a presença de todos e se puderem colaborar com o almoço (CEIA), agradecemos.

Saudações literárias.
Marina Fernandes
85 8705 3887
marinamenestrel@hotmail.com

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Centenário de Maria Bonita em 2011

Publicado a 20 Novembro 2010 por Babeldasartes

Maria Bonita nasceu Maria Gomes de Oliveira em 1911 no dia 8 de março, dia Internacional da Mulher. Era chamada de Maria de Déa, mas foi imortalizada como Maria Bonita.

Sua casa em Sítio da Malhada da Caiçara, em Curral dos Bois (hoje Paulo Afonso, a 466 quilômetros de Salvador), virou Museu Maria Bonita em 2006. Ela viveu ali de 1911 a 1929. Casou-se aos 15 anos com um sapateiro, mas logo desistiu do marido, considerado boêmio. Voltou para casa dos pais e conheceu Lampião.

Segundo o historiador João de Sousa Lima, Lampião ficou interessado em Maria Bonita ao descobrir que ela sabia bordar. Com a resposta positiva, ele deixou lenços de seda e prometeu que voltaria duas semanas depois para pegar a encomenda. Ele atrasou a retirada, mas desde o primeiro momento já estava fisgado pela jovem.

Sousa Lima afirma que ela foi responsável por introduzir vários costumes no meios dos homens do cangaço, já que a presença de mulheres no movimento era proibida até a entrada dela no grupo.

Depois da entrada de mulheres, houve uma mudança de comportamento no grupo. Os acampamentos começaram a ficar próximos às margens do São Francisco para garantem água potável para banhos, alimentação e roupa limpa. Segundo o historiador Frederico Pernambucano de Mello, a principal responsável por uma melhor qualidade de vida seria a presença feminina.

Desde 2009 há uma série de eventos pelo centenário da Rainha do Cangaço. A iniciativa é da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e da Secretaria de Turismo de Paulo Afonso.

A atividade de abertura foi o 1º Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita. A segunda edição do evento será realizada em 2010 e o terceiro seminário será feito em 2011, no centenário da rainha do Cangaço.

Abaixo, ilustração de Fernanda Guedes em homenagem ao centenário de Maria Bonita.

Maria Bonita por Fernanda Guedes

Maria Bonita de Fernanda Guedes em série limitada, Somente 10 cópias, assinadas e numeradas. Impressão digital com tinta à base de água. Papel: 100% algodão Rag Photographique 310 gsm.

Indumentária feminina no Cangaço — As mulheres também usavam chapéu. Os lenços no pescoço, de seda ou outro tecido leve, tinham função decorativa. As mangas longas protegiam dos arranhões na caatinga. Os enfeites nos vestidos variavam, mas eles tinham sempre muitos bolsos. Meias feitas de tecido grosso protegiam as pernas e, nos pés usavam alpercatas de couro resistente (fonte: Fundaj).

fonte: http://pt-br.paperblog.com/centenario-de-maria-bonita-em-2011-38880/