sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Como sou?

Por Eudismar Mendes

Noite alta e eu a arrumar velhas quinquilharias nas gavetas da escrivaninha. Rasgando um papel aqui, outro ali, deparo-me com a foto da escultura de “O Pensador” de Auguste Rodin. Os críticos afirmam que esse escultor passa uma imagem de “insegurança” através dos efeitos inovadores de suas esculturas. E ainda: “tornou visível a manifestação da alma humana por meio de gestos e expressões enérgicas e penetrantes”.


Alma...

Quero saber se existo, pois às vezes, não me conheço. Outras horas me entendo como um ser preconceituoso e cheio de defeitos. Às vezes desejo um silêncio de mim, mas não consigo, pois vêm à tona todas as tolices que já cometi. Contudo sou uma eterna curiosa e busco o conhecimento aprendendo com as pessoas, mas também com os meus próprios erros.


Se tenho medo? Meu Deus! Quem não o tem? Vivemos no país do medo, isso porque a insegurança está até mesmo dentro de nossos lares.

Ainda não houve um basta à violência e não temos mais esperança de que isso possa acontecer. Com as mudanças advindas do primeiro mundo vivemos brincando de faz de conta. Fico triste porque às vezes tenho medo até de uma criança, quando sou abordada nos sinais de trânsito. Também não gosto de passar embaixo de escada, não gosto de encontrar um gato preto... Sei que essas superstições herdei de minha mãe que era altamente supersticiosa. Politicamente correto seria desacreditar de tudo isso.

Por outro lado, gosto de sair de mim e me sentir outra pessoa. Não é uma fuga, mas uma necessidade de adquirir novos conhecimentos. Tenho verdadeiros momentos de silêncio de mim e das pessoas que me cercam. Nesses instantes eu vejo! Vejo alguém que me quer muito bem e que me ajuda nas horas mais difíceis. Só que quando estou sendo ajudada não vejo nada! Mas sinto, principalmente, quando estou escrevendo. Sei que essa necessidade imperiosa de escrever é justamente impulsionada por essa “força estranha” que realmente existe em mim, que apodera-se de mim e me faz levitar nos campos magnéticos do meu intelecto.



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